28 de fevereiro de 2009

Obesidade

Actualmente, a obesidade é uma das doenças com maior prevalência na práctica clínica. Acredita-se que, em todo o Mundo, um em cada quatro animais de estimação é obeso.

Obesidade


Tal como nos humanos, a pouca actividade física e a má alimentação com ingestão de alimentos hipercalóricos são os dois principais factores que conduzem à obesidade. Considera-se que um animal é obeso quando apresenta 20% a mais do peso considerado ideal para a sua idade e raça.

A obesidade pode resultar noutros problemas, ou agravar os já existentes. De entre esses problemas destacam-se:

  • diabetes;
  • problemas articulares;
  • problemas cardio-respiratórios;
  • problemas hepáticos;
  • problemas dermatológicos.

É importante reforçar a ideia de que a obesidade não é um problema meramente estético, mas sim uma doença. A gordura, além de se acumular nos depósitos de tecido adiposo, pode também começar a acumular-se e a envolver determinados orgãos vitais do animal, pondo em risco a sua própria vida.

O animal não controla a quantidade de alimento que ingere. Assim sendo, estabelecer um plano de emagrecimento implica que o dono esteja mentalmente disponível para efectuar as seguintes modificações nos hábitos do seu animal:

  • redução da quantidade diária de alimento ingerido ou mudança para uma ração hipocalórica com doses estabelecidas pelo veterinário: as rações hipocalóricas criam normalmente um maior efeito de saciedade e o animal não fica tão ansioso com as mudanças de hábitos;
  • praticar exercício físico moderado: não o deixe cair em sedentarismo - todos os dias são um bom dia para uma caminhada de alguns minutos; se for, por exemplo, um gato que não saia de casa, então opte por brincar com ele;
  • evitar todo o tipo de "extras": o hábito de oferecer um pouco de tudo deve ser totalmente eliminado; o que para nós pode significar uma refeição leve, para o seu animal pode traduzir-se numa "bomba" de calorias.

Não subestime o "é só um bocadinho..."


Para controlar o peso do seu animal, opte por vigiar a sua condição corporal. Mais do que o peso, a condição corporal dá-nos uma imagem bastante fidedigna do estado do animal e permite-nos, de uma forma muito simples, percebermos se o nosso animal está a ficar gordito ou não. E lembre-se que, para ele conseguir emagrecer, o dono tem de querer!






Condição Corporal do Cão 







Condição Corporal do Gato
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21 de fevereiro de 2009

Epilepsia

A epilepsia é uma condição, que se traduz, por convulsões repetidas, devido a uma actividade anormal no cérebro.



Actividade cerebral anormal

Uma única crise convulsiva, não significa que o animal tenha epilepsia.

Pode existir tantos em cães, como em gatos, contudo, a incidência na população canina é, significativamente, maior.

A epilepsia dita "verdadeira" ou idiopática, ocorre, normalmente, entre os 6 meses e os 5 anos de idade do animal. Algumas raças caninas estão mais predispostas, como por exemplo Labrador Retriever, Golden Retriever e Pastor Alemão. No entanto, qualquer raça pode apresentar epilepsia, independentemente de ser macho ou fêmea.

Para se diagnosticar epilepsia idiopática, é necessário descartar outras anomalias que possam conduzir a crises convulsivas. Intoxicações, doenças metabólicas, tumores cerebrais, traumatismos cranianos, são tudo afecções que também podem originar crises convulsivas, mas que não representam epilepsia "verdadeira".  É importante o veterinário ter um historial clínico o mais detalhado possível, fornecido pelo dono, bem como, efectuar exames complementares de diagnóstico para concluir que o animal tem mesmo epilepsia.

Nos animais epilépticos, o intervalo e a intensidade das crises é muito variável. A maior parte dos cães tem convulsões generalizadas por todo o corpo, enquanto que os gatos têm convulsões focalizadas numa determinada área do corpo.

Os sinais clínicos que caracterizam a epilepsia são:

  • perda de consciência;
  • rigidez muscular;
  • hipersalivação;
  • micção e/ou defecação;
  • vocalização.

A crise epileptiforme divide-se em três fases:

  • pré-ictal: antes da crise; o animal pode parecer um pouco "distante"; raramente é perceptível por parte do dono;
  • ictus: a crise propriamente dita; pode durar de segundos a alguns minutos;
  • pós-ictal: após a crise; pode durar de alguns minutos até várias horas; o animal exibe um comportamento alterado, tipicamente cansado e desorientado, mas pode apresentar sequelas mais graves, dependendo da intensidade da crise.

É essencial que o animal saia rapidamente da crise epileptiforme. Quanto mais rápido a crise terminar, menor a probabilidade de restarem sequelas do ataque. Para isso, é importante o dono ter sempre medicação de SOS consigo, que é administrada via rectal. Nunca coloque as mãos dentro da boca do seu animal durante um ataque.

Crises esporádicas podem não justificar o uso de medicação constante. É frequente que, no início, o animal tenha mais ataques até se conseguir encontrar a dose mínima eficaz dos fármacos que previnem as convulsões. O mais comum é o fenobarbital. Devido à toxicidade hepática deste fármaco, é importante controlar regularmente os parâmetros hepáticos do seu animal. Há animais que podem não responder ao fenobarbital, ou podem fazer lesão hepática grave quando as doses são mais elevadas. Nesses casos, é de ponderar o uso de outro fármaco, chamado brometo de potássio. Aconselhe-se com o seu veterinários sobre a melhor medicação para o seu animal.
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14 de fevereiro de 2009

Gengivite-estomatite em gatos

O complexo gengivite-estomatite é uma patologia da cavidade bucal que afecta, essenciamente, a gengiva e o arco glossopalatino (curvatura posterior da mandíbula). Atinge, maioritamente, os gatos, independentemente da sua idade.



Complexo gengivite-estomatite felina

Esta afecção tem uma origem multifactorial. São três os factores causadores de gengivite-estomatite:

  • factor bacteriano: as bactérias naturalmente existentes na boca, provocam infecção e inflamação da gengiva;
  • factor viral: vírus como o da Leucose Felina (FeLV) e da Imunodeficiência Felina (FIV), predispõem ao seu aparecimento;
  • factor auto-imune: o organismo do animal reage contra os seus próprios constituintes.

Por ter uma etiologia tão complexa, torna-se muito difícil uma cura a 100%.

Os sintomas mais frequentes são:

  • anorexia;
  • hipersalivação;
  • dor intensa na boca;
  • inflamação da gengiva;
  • úlceras;
  • mau hálito.

O tratamento da gengivite felina passa pelo uso de antibióticos e fármacos imunossupressores. É essencial a remoção do tártaro, bem como a limpeza do sulco gengival. Se o animal persistir nos sintomas pode-se optar pela extracção parcial ou total dos dentes. De qualquer modo, mesmo com a extracção dos dentes, grande parte dos gatos continua a necessitar de medicação, pois em quase todos passa a ser um problema crónico.
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8 de fevereiro de 2009

Piómetras

As piómetras são infecções uterinas que ocorrem, tanto em cadelas como em gatas. Essas infecções devem-se a alteração dos níveis hormonais da fêmea.

Aspecto de um útero normal vs útero com infecção


Resumidamente, no ciclo estral das fêmeas (vulgarmente denominado de cio) estão envolvidos dois tipos de hormonas sexuais - estrogénios e progesterona. No final do "sangramento" de cio, os níveis de progesterona permanecem elevados durante cerca de 2 meses, conduzindo a alterações no útero. A sua parede começa a ficar espessada e com menor contractibilidade e cria-se um ambiente húmido no seu interior. Todos estes fenómenos são fisiológicos para a preparação de uma futura gravidez. No entanto, se a gravidez não ocorre, o útero permanece nestas condições e, como o cérvix permanece aberto após o cio, as bactérias da vagina facilmente entram no útero e este enche-se de pús.
As piómetras podem ocorrer em qualquer cio da fêmea. A melhor forma das evitar é através da esterilização da fêmea, se o dono não quiser que ela procrie.

Existe um factor que predispõe à ocorrência de piómetras: o uso de pílulas contraceptivas. As pílulas conduzem ao aumento dos níveis de progesterona na fêmea e aumentam em muito a probabilidade da ocorrência destas infecções, bem como de tumores mamários. Estão, por isso, totalmente contra-indicadas.

Alguns dos sintomas das piómetras são:

  • perda de apetite;
  • poliúria e polidipsia (aumento da quantidade de urina e aumento do consumo de água);
  • prostração com eventual febre;
  • corrimento purulento e/ou sanguinolento da vagina: se o cérvix estiver fechado, pode não existir corrimento;
  • nos casos mais graves, podemos ter sinais de septicémia (infecção generalizada).

Neste último caso, o útero já está roturado e o animal corre sérios riscos de vida.

A melhor forma de tratar as piómetras é cirurgicamente, com remoção de ovários e útero, juntamente com uma antibioterapia agressiva. É importante monitorizar a função renal do animal durante todos estes passos, pois as bactérias podem afectar também os rins, conduzindo a uma insuficiência renal grave.

Todas as piómetras são graves e podem conduzir à morte do seu animal.
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