26 de abril de 2009

Coprofagia - comer fezes

A coprofagia é uma queixa relativamente frequente na prática clínica. Alguns proprietários entram na consulta horrorizados, dizendo que o seu cão come as suas próprias fezes ou as fezes de outros animais, nomeadamente de gatos.

Normalmente, a coprofagia ocorre em animais jovens e está relacionada com distúrbios comportamentais. Durante a fase de aprendizagem do cachorro é frequente ralharmos quando não fazem as suas necessidades no local correcto. Se a repreensão for demasiado severa, o cachorro pode tentar esconder as fezes comendo-as. Este processo pode tornar-se um hábito se não for travado de imediato. Obviamente que não devemos deixar de repreender o animal se este fizer algo de errado. Contudo, devemos estar atentos ao seu comportamento.

Um outro caso de coprofagia acontece quando o cão, jovem ou adulto, come as fezes de gatos. As rações dos gatos têm um teor proteico superior às dos cães, logo as suas fezes são também mais ricas em proteína. Este facto faz com que as fezes de gato exalem um odor que pode ser de alguma forma atractivo para os cães, levando-os a ingeri-las.

Por fim, podemos ter como causa de coprofagia um problema nutricional. Se o animal não digerir bem o que come, as suas fezes possuirão um teor proteico mais elevado que o normal, tornando-as apetecível para o cão. Do mesmo modo, se a dieta do cão for demasiado rica em proteína, as suas fezes também terão alto teor proteico e o cão poderá ingeri-las.

A coprofagia nem sempre é um problema fácil de resolver.

Coprofagia

A maior parte dos casos de coprofagia tem uma causa comportamental. Nestas situações devemos repreender o cão quando o apanhamos em flagrante. Se tiver gatos em casa, opte por colocar o seu litter num local inacessível para o cão, por forma a evitar este tipo de comportamento. Há produtos no mercado que podem ser administrados ao cão, por forma a tornar as suas fezes pouco atractivas. Contudo, a sua eficácia é muito relativa.

Quando a causa da coprofagia é nutricional, aconselhe-se com o seu médico veterinário quanto à melhor ração a administrar-lhe. Habitualmente opta-se por rações de elevada digestibilidade, de que são exemplo as dietas para problemas gastro-intestinais.

Independentemente da causa de coprofagia, nunca se esqueça de desparasitar o seu cão pois as fezes são habitualmente portadoras de ovos de vermes intestinais.
  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

19 de abril de 2009

Diabetes mellitus não complicada

A diabetes mellitus consiste numa diminuição na produção de insulina por parte do pâncreas. Muito sumariamente, a insulina tem a função de transformar os nutrientes presentes na alimentação do animal, em energia a ser utilizada pelo organismo. Se os níveis de insulina não são suficientes, a diabetes manifesta-se.

A diabetes ocorre normalmente em cães e gatos a partir da meia-idade. Contudo, pode manifestar-se em animais mais jovens. Nos cães é mais frequente nas fêmeas e nos gatos é mais frequente nos machos. O excesso de peso é um factor que aumenta o risco da diabetes.

Os principais sintomas de diabetes mellitus não complicada são:

  • poliúria e polidipsia: aumento da micção e do consumo de água;
  • polifagia: aumento do apetite;
  • perda de peso;
  • infecções variadas;
  • cataratas: mais frequentes nos cães.

Quando a diabetes se complica e descompensa, também denominada por diabetes ceto-acidótica, os sintomas são bem mais graves, podendo conduzir à morte do animal.

O diagnóstico da diabetes mellitus não complicada é efectuado através da medição dos níveis de açúcar (glucose) no sangue e na urina.

O tratamento da diabetes mellitus é efectuado através da ingestão de uma dieta específica e da administração de doses controladas de insulina.

Por vezes é necessário administrar insulina ao animal diabético


O animal deve ser monitorizado regularmente, por forma a estabelecer-se a dose mínima eficaz de insulina. Um paciente diabético exige um cuidado continuado - qualquer alteração na sua alimentação pode significar uma alteração nos níveis de açúcar no sangue e, consequentemente, uma descompensação.

A partir do momento em que o animal está estabilizado, é importante que o dono controle qualquer alteração nos hábitos do animal, nomeadamente, consumo de água, volume de urina e/ou perda de peso. Pequenas alterações nestes paramêtros podem significar uma alteração no nível sanguíneo de glucose. Nestes casos, o animal deverá ser reavaliado de imediato. Uma outra forma do dono avaliar em casa o seu animal diabético é através do controlo dos níveis de açúcar na urina. Isso é possível usando fitas de urina à venda em qualquer farmácia - aconselhe-se com o seu veterinário.

A diabetes é uma doença crónica; são poucos os animais que deixam de necessitar da administração diária de insulina. Quando descompensada pode ter consequências muito graves para a vida do animal, por isso, não deixe de estar atento aos pequenos sinais que ele lhe possa dar.
  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

11 de abril de 2009

Insuficiência renal crónica em gatos

A insuficiência renal crónica (IRC) é uma doença que afecta cerca de 20% dos gatos com mais de 10 anos de idade.

A IRC caracteriza-se por uma diminuição progressiva na capacidade dos rins eliminarem os produtos tóxicos do organismo. 

1- rim com insuficiência renal aguda; 2- rim normal; 3- rim com insuficiência renal crónica

Na maior parte das vezes, a IRC evolui de forma silenciosa, sem que o animal exiba quaisquer sintomas. Estes só começam a surgir quando grande parte do rim já se encontra lesionado. Os principais sintomas de IRC são:

  • perda de peso;
  • anorexia;
  • polidipsia - aumento do consumo de água;
  • poliúria - aumento da micção;
  • desidratação;
  • vómitos;
  • hipertensão arterial.

A IRC não tem cura. O gato vai, progressivamente, tendo crises de insuficiência renal, acabando por não ter mais capacidade para eliminar os produtos tóxicos do organismo.

Durante os períodos de crise, o animal deve fazer fluidoterapia para repôr o equilíbrio electrolítico e o nível de hidratação. A fluidoterapia (colocação a soro) vai ajudá-lo a eliminar os produtos tóxicos que se acumulam no organismo.

Mais importante que diminuir os parâmetros sanguíneos que avaliam a função renal (ureia, creatinina e fósforo), é conseguir recuperar o apetite do animal. A sua dieta deverá conter baixo nível de sal, bem como baixo nível proteico. Actualmente, existe no mercado uma grande variedade de dietas renais, húmidas e secas, que são um excelente auxílio para manter o gato com a IRC controlada. Se o gato não ingere água em quantidade suficiente, opte por fornecer-lhe ração húmida, por forma a manter o seu grau de hidratação. Além da dieta, existem no mercado novos fármacos que promovem a protecção renal - informe-se com o seu médico veterinário.

Um gato com IRC deve ser regularmente monitorizado. Sendo uma doença crónica, é fundamental o dono estar atento a alterações no consumo de água e/ou alimento, alterações de peso, bem como aumento da frequência de vómitos. Apercebermo-nos destas pequenas alterações e levarmos o animal ao veterinário de imediato, pode significar evitar descompensações que podem conduzir a uma crise de IRC grave.
  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

4 de abril de 2009

Asma felina

A asma felina, também designada por bronquite crónica, asma brônquica ou bronquite alérgica, caracteriza-se por uma reacção exagerada do próprio organismo aos diversos tipos de alergenos ou agentes infecciosos. Essa reacção conduz a uma inflamação de toda a arvóre brônquica, com excesso de produção de muco e secreções. Consequentemente, o lúmen brônquico torna-se menor e o gato exibe algum grau de dificuldade respiratória. Os alergenos que mais podem favorecer os sintomas de asma são o fumo de tabaco, as poeiras, os sprays ambientais e os poléns.

A asma pode atingir animais de qualquer idade, de qualquer sexo e de qualquer raça. No entanto, tem uma maior prevalência nas fêmeas.

O diagnóstico da asma é efectuado com base no historial clínico do gato, radiografias torácicas e, eventualmente, análises sanguíneas para descartar outras patologias.


É uma doença que ocorre por episódios, ou seja, existem períodos de crise em que o gato exibe os sintomas, mas que passam espontaneamente ou através de medicação nos casos mais graves. O sintoma principal na asma é a tosse.



Tosse: o principal sintoma de asma felina

Durante as crises graves o animal exibe sinais de dificuldade respiratória: pescoço esticado, respiração de boca aberta, ruídos respiratórios acentuados (vulgarmente designados por farfalheira). Se a tosse é muito persistente, o gato pode mesmo vomitar.

A asma não tem cura. O objectivo do tratamento é reduzir a quantidade de secreções produzidas, diminuir a inflamação brônquica e, assim, promover um melhor fluxo de ar aos brônquios, diminuindo, consequentemente, o número de crises asmáticas.

Os gatos com crises ocasionais normalmente não necessitam de medicação. É importante mantê-los com o peso controlado e dimimuir a exposição aos alergenos ambientais.

Para os gatos com crises frequentes é necessário o uso de broncodilatadores, bem como de anti-inflamatórios esteróides. Esses fármacos, idealmente, deveriam ser administrados através de bombas inalatórias, por forma a diminuir os possíveis efeitos secundários que uma administração continuada pode provocar. Actualmente, já existem inaladores próprios para gatos que vieram facilitar muito a administração. Contudo, nem todos os gatos toleram estas bombas: assustam-se, fogem ou podem mesmo ser agressivos.



AeroKat: inalador próprio para gatos

Nestes casos é de evitar o seu uso, pois um stress adicional só irá exacerbar ainda mais os sintomas. Assim sendo, nestes animais de comportamento mais difícil, o tratamento sistémico através de comprimidos ou xaropes é a solução. Aconselhe-se com o seu médico veterinário sobre a melhor opção terapêutica para o seu gato.
  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS
 
Copyright © caninos&grandes