25 de outubro de 2010

Tumores mamários em gatas

Os tumores mamários em gatas são menos frequentes que nas cadelas mas quando ocorrem são, geralmente, malignos e difíceis de tratar. Cerca de 90% dos tumores mamários nas gatas são malignos, enquanto que nas cadelas esse valor anda à volta dos 50%. Como em qualquer tumor, quanto mais cedo a sua detecção maior a probabilidade de sucesso no tratamento.

Este tipo de cancro está directamente relacionado com a esterilização da gata - se a gata for esterilizada antes do primeiro cio (que aparece por volta dos 5 ou 6 meses), a probabilidade de vir a ter tumores mamários decresce em cerca de 90%. Se a gata for esterilizada após o primeiro cio, tendo ou não tido uma ou várias ninhadas, o risco de aparecimento de tumores mamários é muito superior.

Este tipo de cancro está também directamente relacionado com o uso de pílulas contraceptivas nas fêmeas. O seu uso é totalmente contra-indicado, pois a probabilidade da gata vir a ter tumores de mama aumenta exponencialmente com o seu uso. Se não quiser que ela engravide, opte sempre por esterilizá-la.

Os tumores mamários são geralmente malignos do tipo adenocarcinoma e podem facilmente metastizar para os pulmões e para os gânglios linfáticos regionais do animal.

Normalmente quando aparecem não dão um grande número de sintomas. Os donos podem sentir um nódulo na barriga do animal de dimensão mais ou menos variável. Quanto maior for esse nódulo, maior a probabilidade de ulcerar e infectar. Frequentemente, os pequenos nódulos só são detectados em consulta pelo médico veterinário. Daí a importância do próprio dono observar o seu animal - festas na barriga são uma excelente forma de percebermos se existe ou não algum nódulo na barriga da nossa gata. Se assim for, dirija-se o quanto antes ao seu veterinário para avaliar se se trata de um tumor de mama ou não.

O tratamento dos tumores de mama consiste na remoção cirúrgica do mesmo. Uma vez que se tratam de tumores altamente agressivos e de malignidade elevada, optamos por remover totalmente a cadeia mamária do lado do tumor, bem como remover os gânglios linfáticos regionais. Se a gata tiver nódulos nas duas cadeias mamárias, optamos por efectuar o tratamento cirúrgico por fases - primeiro removemos a cadeia mamária de um dos lados e só depois, passadas algumas semanas, removemos do outro lado. É importante enviarmos para análise os tumores de mama e os gânglios linfáticos removidos, para percebermos de que tipo de tumor se trata e conseguirmos avaliar com maior exactidão o prognóstico do animal. Actualmente, além da cirurgia, conciliamos também tratamentos quimioterápicos para prolongar o tempo de vida do animal. Se já existirem metástases pulmonares, o prognóstico é bem mais reservado.
Em qualquer um dos casos, com ou sem metástases, se o tumor for maligno, o prognóstico é sempre muito reservado e o animal acabará por morrer.

É fundamental o dono optar por esterilizar a sua gata antes do primeiro cio, se não quiser que ela procrie. É também importante que o dono não use pílulas contraceptivas nem abortivos, pois estes fazem aumentar drasticamente a probabilidade de aparecimento de tumores de mama. E por último, leve a sua gata regularmente ao veterinário para um check-up de rotina - não se esqueça que quanto mais precocemente a detecção do nódulo, maior a esperança de vida do seu animal.

Faça regularmente um check-up ao seu animal

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

17 de outubro de 2010

Agora no facebook

O caninos&grandes já se encontra no facebook. Procure por Caninos E Grandes.
  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

11 de outubro de 2010

Será que tem febre?

Muitas vezes os donos dos nossos animais de estimação dizem-nos que eles têm febre ora porque têm os olhos pouco brilhantes, ora porque têm o nariz quente e/ou seco ou molhado, ora porque estão muito parados e os sentem quentes. São muito diversos os motivos que levam os donos a acharem que o animal pode ter febre.


Será que tem febre?



A forma correcta de sabermos se o animal tem febre ou não é através do uso de um termómetro que é colocado no ânus do animal. Todos os outros tipos de medição são empíricos e pouco precisos, podendo facilmente conduzir-nos a erros quanto à sua temperatura corporal.

O termómetro não necessita de ser específico para cães ou gatos - basta utilizar um termómetro de uso humano. Antes do introduzir no ânus deverá lubrificá-lo para que não seja traumático e o animal não se sinta desconfortável com o procedimento. O termómetro deverá estar encostado à parede interior do ânus do animal para que a medição seja precisa. Para tal deve levantar bem a cauda do animal para que o ânus possa ser facilmente observado e o termómetro seja colocado correctamente. A maior parte dos animais mexe-se bastante durante a medição da temperatura corporal, por isso devemos ser rápidos e saber exactamente o que temos que fazer.

A temperatura normal dos nossos animais de companhia é superior à nossa e varia entre os 38ºC e os 39ºC. O stress ou o medo podem facilmente aumentar a temperatura corporal do animal, por isso certifique-se que o animal está tranquilo antes de medi-la. Sendo a temperatura normal mais elevada, isto não significa que o aumento de 1ºC seja pouco importante - 40ºC de temperatura neles é tão grave como em nós humanos.

Actualmente, a maior parte de nós possui termómetros digitais que são rápidos e de fácil leitura. Se por acaso utilizar um termómetro de manual de vidro deve manuseá-lo com cautela para que não se parta com algum movimento mais brusco do animal. Se por acaso isso acontecer, não tente retirar a porção partida do ânus do animal. Deve contactar de imediato o seu médico veterinário assistente para que ele proceda à sua remoção sem perigo para o animal.
  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

6 de outubro de 2010

Declaração Universal dos Direitos dos Animais



Proclamada pela UNESCO em sessão realizada em Bruxelas em 27 de Janeiro de 1978.

Preâmbulo:

Considerando que todo o animal possui direitos, 
Considerando que o desconhecimento e o desprezo destes direitos têm levado e continuam a levar o homem a cometer crimes contra os animais e contra a natureza, 
Considerando que o reconhecimento pela espécie humana do direito à existência das outras espécies animais constitui o fundamento da coexistência das outras espécies no mundo, 
Considerando que os genocídios são perpetrados pelo homem e há o perigo de continuar a perpetrar outros, 
Considerando que o respeito dos homens pelos animais está ligado ao respeito dos homens pelo seu semelhante, 
Considerando que a educação deve ensinar desde a infância a observar, a compreender, a respeitar e a amar os animais,

PROCLAMA-SE O SEGUINTE:


Artigo 1º

Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência.


Artigo 2º

1 - Todo o animal tem o direito a ser respeitado.
2 - O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais.
3 - Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à protecção do homem.


Artigo 3º

1 - Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a actos cruéis.
2 - Se for necessário matar um animal, ele deve de ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não provocar-lhe angústia.


Artigo 4º

Todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de se reproduzir.
1 - Toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária a este direito.


Artigo 5º 

Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.
1 - Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito.


Artigo 6º 

Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural.
1 - O abandono de um animal é um acto cruel e degradante.


Artigo 7º 

Todo o animal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e ao repouso.


Artigo 8º 

A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação.
1 - As técnicas de substituição devem de ser utilizadas e desenvolvidas.


Artigo 9º 

Quando o animal é criado para alimentação, ele deve de ser alimentado, alojado, transportado e morto sem que disso resulte para ele nem ansiedade nem dor.


Artigo 10º 

Nenhum animal deve de ser explorado para divertimento do homem.
1 - As exibições de animais e os espectáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal.


Artigo 11º 

Todo o acto que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é um crime contra a vida.


Artigo 12º 

Todo o acto que implique a morte de um grande número de animais selvagens é um genocídio, isto é, um crime contra a espécie.
1 - A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio.


Artigo 13º 

O animal morto deve de ser tratado com respeito.
1 - As cenas de violência de que os animais são vítimas devem de ser interditas no cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar um atentado aos direitos do animal.


Artigo 14º 

Os organismos de protecção e de salvaguarda dos animais devem estar representados a nível governamental.
1 - Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem.
  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

4 de outubro de 2010

Eutanásia - a difícil decisão

Durante o nosso dia-a-dia de médicos veterinários somos confrontados com situações muito variadas, umas fáceis outras difíceis, umas marcantes outras nem por isso. 


Patas partidas, alergias à pulga, diarreias devido às gulodices deles, atropelamentos, quedas - todas estas situações entram pela nossa porta e temos que resolvê-las da melhor maneira que sabemos, como nos ensinaram, como fomos aprendendo ao longo da nossa vida profissional. Os donos agradecem-nos a ajuda e voltam dali a uns tempos para uma nova peripécia. E nós lá estaremos novamente para os tratar.


No entanto, a realidade nem sempre é essa. Há momentos em que já não temos como os ajudar, os nossos conhecimentos parece que se esgotaram totalmente, os medicamentos já pouco ou nada fazem e o nosso paciente vai piorando com o passar dos dias. Temos perfeita consciência de que já nada há a fazer e começamos a tentar passar essa consciência ao dono do nosso paciente.


Não é fácil dizer-lhes que já não conseguimos ajudá-los, que o seu animal de companhia está num estado muito grave e que dificilmente o conseguirá ultrapassar. Não é fácil dizer-lhes que ele está em sofrimento quando, ainda assim, vemos um abanar de cauda ou um olhar mais brilhante. Parece sempre que têm uma vontade e uma força para viver inesgotável. Mas nós sabemos que essa força um dia se esgotará e não queremos que o nosso paciente trilhe um caminho de sofrimento e dor profundos para que consiga finalmente descansar. A sua qualidade de vida começa a diminuir de dia para dia - já não reagem quando os chamamos, já não comem, já não se levantam, deixaram de ser para apenas estar. E é nessa altura que temos de pensar somente neles e não na falta que nos vão fazer. 


Ser dono até ao fim é o que compete a cada um que tem um animal de estimação e tomar a decisão de eutanasiá-los é também ser dono. A nós veterinários compete ajudar na tomada de decisão, por forma a torná-la um pouco menos penosa e acima de tudo, compete dar ao nosso paciente um final de vida digno com uma morte sem qualquer tipo de sofrimento. 
Seja dono até ao fim.


  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS
 
Copyright © caninos&grandes