31 de janeiro de 2009

Dermatite por lambedura

A dermatite por lambedura, também denominada por "acral licking", é um dos problemas de pele mais complicados de resolver em veterinária.

Consiste no lamber incessante de uma parte do corpo, nomeadamente as patas, até causar uma lesão na pele.



Lamber incessante

A maior parte dos donos revela que a lesão começa por ser uma pequena ferida. O animal lambe constantemente a pata e, numa fase inicial, causa iritaçao da pele, mudança de cor do pêlo (fica mais escuro por ser queimado pela saliva) e peladas. À medida que o problema progride, a pele começa a ficar ulcerada e infectada. O animal começa a sentir cada vez mais prurido e tende a lamber ainda mais a lesão. Trata-se, por isso, de um ciclo vicioso: quanto mais o animal lambe, maior ulceração ele faz, mais prurido tem e, consequentemente, mais quer lamber.

As raças mais predispostas para este tipo de dermatite são:

  • Labrador Retriever;
  • Golden Retriever;
  • Weimaraner;
  • Doberman Pinscher;
  • Pastor Alemão;
  • Setter Irlandês.

Actualmente, acredita-se existirem várias causas para este tipo de dermatite. De entre elas, as mais frequentes são:

  • stress: períodos solitários muito longos, mudança de ambiente, entrada de um novo membro, entre outros;
  • dor articular: a dor numa articulação pode ser um motivo para o animal começar a lamber-se;
  • corpos estranhos ou picadas: desencadeiam prurido ou dor localmente.

Claro que todas estas causas podem fazer o animal lamber-se e isto não ser obsessivo. Apenas alguns animais tornam o lamber um vício; será ao equivalente humano de roer as unhas - as pessoas já o fazem inconscientemente. No cão o mesmo se passa.

A forma de tratar este tipo de dermatite é acelerar a cicatrização total da lesão. Isto só é possível se o animal não se lamber. Para isso, usam-se colares isabelinos e, nos casos mais graves de animais muito stressados, pode ser necessário a toma de algum tipo de calmante. Na lesão aplicam-se pomadas com antibiótico e anti-inflamatórios esteróides que retiram o prurido. Pode ser necessário a administração sistémica destes fármacos para as lesões mais extensas. Nos casos recidivantes pode-se optar pelo encerramento cirúrgico da lesão após tratamento com antibióticos. Contudo, nestas situações também se pode dar o caso do animal lamber a zona de sutura e voltar a abrir a lesão antiga. Daqui se conclui que, o mais importante, é remover toda e qualquer fonte de stress para o animal por forma a evitar um comportamento obsessivo-compulsivo.
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17 de janeiro de 2009

Colapso de traqueia

O colapso de traqueia é uma patologia, que se traduz por uma anomalia na cartilagem existente na parede da traqueia, tornando-a mais frágil e, consequentemente, mais predisposta a diminuir o seu lúmen.



Colapso de traqueia

Esta diminuição no diâmetro da traqueia conduz a uma obstrução parcial à passagem do ar, logo o animal vai tossir. É mais frequente nos cães de raças pequenas e pode manifestar-se em qualquer idade, sendo, contudo, mais frequente em cães de meia-idade.

Além da tosse, podemos ter como sintomas:

  • dispneia (dificuldade respiratória acentuada);
  • posição ortopneica (pescoço esticado e abertura dos membros anteriores) pra facilitar a respiração;
  • cianose (a língua muda de rosada para azulada).

Estes sintomas são mais notórios aquando de exercício físico intenso ou períodos de excitação acentuada. Nestas situações, o animal parece que se engasga, podendo ter uma tosse produtiva ou não. Os períodos de tosse aumentam consideravelmente se o animal tiver excesso de peso. O colapso de traqueia é facilmente diagnosticado através de um rx simples.

O tratamento do colapso de traqueia consiste, na maior parte dos casos, em cuidados paliativos: anti-tússicos e anti-inflamatórios que fazem com que a irritação da traqueia diminua. É importante, durante a fase de tratamento, colocar o animal num sítio sossegado. Quando o colapso de traqueia é na porção cervical, pode-se considerar a hipotése de efectuar tratamento cirúrgico, que consiste em colocar anéis artificiais nos locais onde a cartilagem da traqueia está fragilizada.

Todos os animais com colapso de traqueia devem evitar o uso de coleira e/ou estranguladora. Os donos devem optar pelo uso de um peitoral, já que este não exerce pressão no pescoço do animal. O exercício físico intenso deve ser também limitado.

O colapso de traqueia pode conduzir a, médio/longo prazo, alterações na porção direita do coração, pois o animal tem de fazer um maior esforço para respirar. É essencial que o seu animal seja monitorizado regularmente, principalmente se for geriátrico. Não deixe de lhe fazer um check-up semestral.
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11 de janeiro de 2009

Otites

As otites são um dos motivos mais frequentes para consulta no dia-a-dia da prática clínica. Consistem na inflamação do conducto auditivo do animal.



Conducto auditivo do animal

Podem ser classificadas em:

  • externas: com inflamação da orelha do animal;
  • médias: com afectação do ouvido médio, são identificadas facilmente através de um otoscópio;
  • internas: são as mais graves, atingindo a bula timpânica, e conduzindo a sinais de desequilíbrio, designados por síndrome vestibular; as otites internas só são possíveis de identificar através de imagiologia (rx ou mesmo um TAC)

As otites podem ser provocadas por vários agentes: bactérias, leveduras, ácaros e corpos estranhos. Todos eles conduzem a sintomas semelhantes:

  • prurido;
  • dor;
  • inclinação da cabeça;
  • odor mais intenso do ouvido afectado.

O tratamento das otites passa por, primeiro, identificar a sua causa. Há animais que frequentemente têm otites e, nalguns casos, passa a ser um problema crónico. Isto pode dever-se ao meio ambiente onde estão inseridos, a hábitos que propenciam o seu aparecimento, como por exemplo banhos de mar frequentes ou passeios de carro com a cabeça à janela, ou mesmo à sua anatomia (é o caso dos animais com o conducto auditivo muito apertado que impossibilita um arejamento adequado do ouvido). É aconselhável efectuar uma limpeza semanal com um produto de limpeza adequado nestes animais mais predispostos a otites.

O tratamento das otites consiste sempre na aplicação de um produto tópico e, nos casos mais graves, de medicação sistémica. Nos casos de corpos estranhos é fundamental a sua detecção e remoção antes de iniciar o tratamento. Assim que o tratamento é iniciado, não deverá ser interrompido sem o seu médico veterinário voltar a avaliar o ouvido do seu cão ou do seu gato. Otites mal tratadas, conduzem a resistências nos tratamentos futuros e, consequentemente, aumentam a possibilidade desse problema se tornar crónico. Para um tratamento mais eficaz recorre-se, por vezes, a uma zaragatoa do ouvido do animal que permite identificar o agente envolvido.

Se notar que o seu cão ou o seu gato abana demasiado a cabeça ou que se coça de forma mais intensa, não hesite em consultar o seu médico veterinário.
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3 de janeiro de 2009

DAPP - Dermatite alérgica à picada da pulga

A dermatite alérgica à picada da pulga, vulgarmente denominada de DAPP, é uma doença de pele que afecta tanto cães como gatos. Trata-se de uma reacção alérgica à picada da pulga, que ocorre na epiderme do animal.

Normalmente, a pulga ao picar, induz um certo incómodo no animal. Mas se o animal for alérgico, esse prurido é muito intenso e o animal começa a coçar-se desesperadamente. Este auto-traumatismo por parte do animal conduz a lesões na pele mais ou menos graves, podendo ir de uma simples vermelhidão até zonas sem pêlo e com a pele totalmente infectada.



Prurido intenso

A DAPP caracteriza-se por aparecer inicialmente no final do dorso do animal, já próximo da cauda. No entanto, se não for tratada pode alastrar rapidamente num pequeno espaço de horas.

Os sinais mais relevantes da DAPP são:

  • prurido intenso;
  • queda de pêlo localizada ou generalizada;
  • pele inflamada ou mesmo infectada;
  • crostas;
  • cheiro intenso na pele - quando o grau de infecção já é acentuado;
  • pontos pretos na pele do animal que representam as fezes das pulgas adultas.

Para tratar a DAPP, é vital controlar a população de pulgas existentes, quer no animal, quer no ambiente em que ele vive. Atenção que a DAPP não significa ter o animal contaminado por um número elevado de pulgas - basta o animal ser alérgico e ser picado por uma pulga para fazer uma dermatite grave. Assim, nos animais alérgicos é indispensável fazer uma boa prevenção de ectoparasitas, a fim de evitar que a DAPP apareça.

No caso de já existir, é fundamental controlar o prurido, de forma a evitar que o animal se auto-mutile. Pode mesmo ser necessária a aplicação de um colar isabelino, nos primeiros dias, para evitar que ele se coce. O controlo do prurido pode ser feito localmente, com pomadas ou loções com antibiótico e anti-inflamatório ou, de forma sistémica para os casos mais graves. Os banhos com champôs anti-alérgicos podem também ser úteis quando a DAPP abrange uma área muito extensa - acalmam a pele e dão conforto ao animal.

Não se esqueça nunca que, a melhor forma de evitar as DAPPs, é através de uma prevenção eficaz da população de pulgas. Pode encontrar informação a esse respeito no artigo publicado em Novembro neste blog : "Pulgas - a grande praga".
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