28 de junho de 2009

Patologia dos sáculos anais

Os sáculos anais, também chamados de glândulas anais, localizam-se ao redor do anûs e permitem ao animal marcar o território e "comunicar" com outros animais, uma vez que cada sáculo anal tem um odor único e muito intenso que o identifica (há quem o assemelhe a odor a peixe). Quando o animal defeca, os sáculos anais são esvaziados e uma pequena porção da sua secreção fica por cima das fezes. Isto permite ao animal que as cheirar identificar quem ali esteve.



Localização das glândulas anais

A patologia dos sáculos anais surge quando o cão ou o gato não esvazia totalmente a glândula durante a defecção. O ducto da glândula entope e a glândula enche, dando origem a infecções (saculites anais) e abcessos. O animal sente as glândulas cheias e começa a lamber constantemente o anûs e a arrastá-lo no chão (posição de trenó). Esta patologia é mais frequente nos cães, especialmente nos de raça pequena, contudo também se observa em gatos.

Quando os sáculos anais começam a ficar cheios, o dono ou o veterinário deverá esvaziá-los pressionando a área em redor do anûs. Existem animais que nunca conseguem esvaziar correctamente os sáculos quando defecam, por isso devemos estar atentos ao seu comportamento para os esvaziarmos assim que tiverem cheios. Normalmente, para estes animais é necessário um esvaziamento semanal ou quinzenal, por forma a prevenir uma eventual saculite anal.

Se a saculite anal já está presente o animal terá de fazer antibiótico durante pelo menos 8 dias. Podem-se aplicar pomadas locais que ajudam a diminuir a inflamação da zona anal. As saculites anais dão um desconforto acentuado no animal principalmente se estiver na fase do abcesso, por isso alguns podem retrair-se na hora de defecar - os analgésicos são fundamentais nestes casos.

Uma alimentação rica em fibra é fundamental nos animais que fazem saculites anais com muita frequência. A fibra produz um volume fecal maior fazendo com que haja maior pressão nos sáculos aquando da saída das fezes, facilitando o seu esvaziamento. Se mesmo com este tipo de alimentação o animal continuar a ter saculites, podemos optar pela remoção cirúrgica das glândulas, no entanto existe o risco, apesar de baixo, do animal se tornar incontinente fecal.
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21 de junho de 2009

Esgana canina

A esgana canina é uma doença viral altamente contagiosa que afecta o aparelho respiratório, digestivo e o sistema nervoso central do cão. Pode atingir animais de qualquer idade contudo, afecta sobretudo cachorros não vacinados entre os 3 e os 6 meses de idade, sendo grande parte das vezes fatal. Os animais adultos afectados por esta doença têm uma maior resistência à doença. Devido ao desenvolvimento dos planos vacinais nos cachorros, a incidência de esgana sofreu uma redução muito significativa nos últimos anos.

O vírus da esgana (CDV) transmite-se pelo ar, daí a sua elevada contagiosidade. Assim que é inalado, dissemina-se rapidamente pelo organismo do animal e os sintomas começam a surgir. A febre é o primeiro sinal da doença- aparece normalmente 3 a 6 dias após a contaminação. Após a febre, os sintomas podem variar bastante, dependendo da estirpe viral e do sistema imunitário do cachorro. Assim podemos ter:

  • corrimento ocular e nasal;
  • diarreia e vómitos;
  • anorexia e prostração;
  • pneumonia;
  • sinais neurológicos nos casos de esgana nervosa - paralisia, "tiques" nervosos e convulsões nos casos mais graves.

O diagnóstico de esgana é baseado no historial clínico do animal (normalmente são cachorros não vacinados que já vão à rua), nos sintomas e em análises sanguíneas.

O tratamento consiste em manter o animal hidratado devido às perdas no vómito e diarreia, forçar a alimentação, fornecer anti-vomitivos e antibióticos e controlar as convulsões. Grande parte dos cachorros, apesar do tratamento de suporte agressivo, acaba por morrer. Os que sobrevivem podem ficar com sequelas nervosas ("tiques"), hipoplasia do esmalte (os dentes ficam com um aspecto amarelado e gasto) e sensibilidade gastro-intestinal.

A esgana é uma doença com um prognóstico muito reservado que pode conduzir à morte do cachorro. Nunca esqueça que se ele não estiver vacinado com a primo-vacinação não pode ir à rua pois arrisca-se a ser contaminado.

Vacinação - melhor forma de prevenção da esgana canina

Se notar que o seu cachorro não quer comer e está prostrado leve-o de imediato ao veterinário, não espere pelo dia seguinte.
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14 de junho de 2009

Retenção de dentes de leite em cachorros

Nos cachorros a dentição de leite começa a surgir por volta das 4 semanas de idade. Esses dentes de leite (também designados por dentes decíduos) vão sendo substituidos pelos definitivos a partir dos 3 meses de idade e aos 7 meses o cachorro já deverá ter toda a sua dentição definitiva completa. Contudo, podemos ter animais em que alguns dos dentes de leite ficam retidos, ou seja, o dente definitivo surge mas o dente de leite acaba por não cair ficando, normalmente, atrás do definitivo.



Retenção do dente canino de leite

A retenção de dentes de leite é mais frequente em cães de raça pequena e os dentes que normalmente ficam retidos são os caninos, mas pode surgir com qualquer dente. Nos gatos, a retenção de dentes de leite não é habitual.

Quando o dente de leite fica retido é importante removê-lo o quanto antes pois os dentes definitivos podem ter um crescimento defeituoso devido à sua má oclusão, a acumulação de comida torna-se mais frequente, logo a probabilidade do aparecimento de tártaro aumenta e, nos casos mais graves pode mesmo haver lesões a nível da gengiva do cachorro.

Se notar que o seu cachorro aos 7 meses de idade tem dentição dupla opte por dar-lhe um granulado de ração de dimensão superior para o obrigar a mastigar e ajudar a soltar o dente de leite. Se mesmo assim o dente não cair, leve-o ao seu médico veterinário assistente para que este proceda à sua remoção cirúrgica.
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7 de junho de 2009

Lipidose hepática felina

A lipidose hepática felina, vulgarmente denominada por doença do fígado gordo, caracteriza-se por uma acumulação de gordura dentro das células do fígado (hepatócitos). Esta acumulação produz uma alteração grave na função hepática que, se não for tratada agressivamente, pode ser fatal para o gato.

A maior parte dos casos de lipidose hepática está associada a gatos obesos e o factor desencadeador da doença parece ser o stress a que o animal possa ser sujeito.



Gato obeso: predisposição para lipidose hepática

Por stress entende-se qualquer alteração na rotina ou no ambiente do gato (mudança de alimentação, mudança de casa, presença de um novo membro na família, entre outros) ou mesmo alguma doença concomitante que lhe conduza a uma diminuação do apetite.

Os sintomas mais frequentes da lipidose hepática são:

  • depressão;
  • anorexia com perda de peso acentuada;
  • vómitos;
  • icterícia (mucosas amareladas);
  • hepatomegália (aumento do tamanho do fígado), nem sempre frequente;
  • sinais neurológicos, nos casos mais graves.

A suspeita de lipidose hepática baseia-se no historial clínico do animal (gato obeso com perda de peso significativa sem causa aparente) e nos sintomas exibidos. Perante isto, efectuam-se exames complementares de diagnóstico nomeadamente:

  • análises sanguíneas: revelam alteração dos parâmetros hepáticos;
  • radiografia abdominal: revela um fígado anormalmente grande;
  • ecografia: revela alterações evidentes em todo o parenquima hepático.

Um diagnóstico precoce é a chave para o sucesso no tratamento da lipidose hepática. Perante a confirmação da doença há que garantir um suporte nutricional intensivo. Deste modo, o gato deve ser alimentado com comida hiper-proteica e hiper-calórica e devemos garantir que tem uma ingestão calórica diária suficiente para o seu peso. Dado que na maior parte dos casos o gato está anoréctico, optamos por lhe colocar um tubo de alimentação no esófago que permite ao dono alimentá-lo em casa sem lhe criar mais stress. Nos casos mais graves o animal é colocado a soro para repôr o seu equilíbrio electrolítico, são administrados antibióticos para controlar eventuais infecções secundárias e ádministrados anti-ácidos e anti-vomitivos para evitar a náusea que o animal sente pela comida.

Em qualquer uma das situações, sejam elas mais ou menos graves, o tratamento e a recuperação total do gato são demoradas, podendo levar semanas até o animal recuperar totalmente o seu apetite. Cerca de 30% dos gatos não reagem ao tratamento e morrem.

Uma das melhores formas de prevenir a lipidose hepática é manter o gato com peso normal. Se ele tem excesso de peso aconselhe-se com o seu veterinário sobre o melhor programa para redução de peso. Não opte por lhe reduzir dastricamente a quantidade de comida nem fornecer-lhe comida que ele não goste, pois estas situações podem ser suficientes para desenvolver lipidose hepática. Se o seu gato perdeu apetite repentinamente, leve-o de imediato ao seu médico veterinário.
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