A dermatite por lambedura, também denominada por "acral licking", é um dos problemas de pele mais complicados de resolver em veterinária.
Consiste no lamber incessante de uma parte do corpo, nomeadamente as patas, até causar uma lesão na pele.
A maior parte dos donos revela que a lesão começa por ser uma pequena ferida. O animal lambe constantemente a pata e, numa fase inicial, causa iritaçao da pele, mudança de cor do pêlo (fica mais escuro por ser queimado pela saliva) e peladas. À medida que o problema progride, a pele começa a ficar ulcerada e infectada. O animal começa a sentir cada vez mais prurido e tende a lamber ainda mais a lesão. Trata-se, por isso, de um ciclo vicioso: quanto mais o animal lambe, maior ulceração ele faz, mais prurido tem e, consequentemente, mais quer lamber.
As raças mais predispostas para este tipo de dermatite são:
- Labrador Retriever;
- Golden Retriever;
- Weimaraner;
- Doberman Pinscher;
- Pastor Alemão;
- Setter Irlandês.
Actualmente, acredita-se existirem várias causas para este tipo de dermatite. De entre elas, as mais frequentes são:
- stress: períodos solitários muito longos, mudança de ambiente, entrada de um novo membro, entre outros;
- dor articular: a dor numa articulação pode ser um motivo para o animal começar a lamber-se;
- corpos estranhos ou picadas: desencadeiam prurido ou dor localmente.
Claro que todas estas causas podem fazer o animal lamber-se e isto não ser obsessivo. Apenas alguns animais tornam o lamber um vício; será ao equivalente humano de roer as unhas - as pessoas já o fazem inconscientemente. No cão o mesmo se passa.
A forma de tratar este tipo de dermatite é acelerar a cicatrização total da lesão. Isto só é possível se o animal não se lamber. Para isso, usam-se colares isabelinos e, nos casos mais graves de animais muito stressados, pode ser necessário a toma de algum tipo de calmante. Na lesão aplicam-se pomadas com antibiótico e anti-inflamatórios esteróides que retiram o prurido. Pode ser necessário a administração sistémica destes fármacos para as lesões mais extensas. Nos casos recidivantes pode-se optar pelo encerramento cirúrgico da lesão após tratamento com antibióticos. Contudo, nestas situações também se pode dar o caso do animal lamber a zona de sutura e voltar a abrir a lesão antiga. Daqui se conclui que, o mais importante, é remover toda e qualquer fonte de stress para o animal por forma a evitar um comportamento obsessivo-compulsivo.