15 de março de 2009

Febre da carraça

Chegado o mês de Março, é frequente começarem a aparecer as carraças no meio ambiente, representando um perigo, quer para nós humanos, quer para os nossos animais de estimação.





A carraça alimenta-se do sangue do hospedeiro

A febre da carraça é o termo usado para designar as várias doenças que a carraça pode transmitir. Este ectoparasita tem a capacidade de alojar diferentes tipos de agentes e, assim, transmitir uma ou mais doenças quando se aloja no seu hospedeiro. Entre esses agentes temos bactérias, ricketsias (um agente que, em termos evolutivos, se situa entre as bactérias e os vírus), e protozoários, entre outros.

No dia-a-dia da prática clínica, os dois tipos de febre de carraça mais frequentes são a Erlichiose e a Babesiose.

A Erlichiose é causada por uma ricketsia do género Erlichia spp. Pode ter três fases:

  • fase aguda: desenvolve-se entre 1 a 3 semanas após a inoculação do agente no animal de estimação. Caracteriza-se por anemia, febre, apatia, perda de apetite, dor articular, hematomas sem causa aparente, aumento dos gânglios linfáticos e do baço.
  • fase subclínica: pode durar meses ou mesmo anos. O animal pode apresentar-se normal ou com uma anemia ligeira.
  • fase crónica: com maior ou menor gravidade, esta fase caracteriza-se por perda de peso, anemia, sintomas neurológicos, hemorragias, a febre pode ou não estar presente e edema (acumulação de líquido) nos membros posteriores.

Nem sempre estas três fases são perceptíveis no animal. E, por vezes, os sintomas podem ser bem mais graves, uma vez que, uma carraça pode transmitir mais do que um agente infeccioso. Não existe vacina para a Erlichiose.

 A Babesiose, também designada por Piroplasmose, é causada pelo protozoário do género Babesia spp. Esta doença caracteriza-se por:

  • anemia;
  • febre;
  • vómitos e/ou diarreia;
  • icterícia;
  • fraqueza muscular;
  • nos casos crónicos podemos ter febres recorrentes, perda de apetite e edema generalizado.

O tratamento da febre da carraça consiste no uso de antibióticos, nomeadamente a doxiciclina, por um período de tempo bastante longo - várias semanas, podendo mesmo chegar aos 2 meses. Se os sintomas forem mais graves, o animal poderá precisar de internamento, com fluidoterapia e, eventualmente, transfusão de sangue. Nos casos de babesiose, conjuga-se também um fármaco denominado dipropionato de imidocarbe, que elimina o parasita e é administrado na forma injectável.





Nem sempre há febre na Febre da Carraça

A febre da carraça é uma doença grave que pode conduzir à morte do animal. A prevenção das carraças é a melhor maneira de evitar esta doença (veja como prevenir no artigo já publicado sobre carraças). Apesar da febre da carraça também atingir os humanos, o animal de estimação não nos transmite a doença - somente a carraça infectada é capaz da transmitir se nos picar.
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