8 de dezembro de 2009

Síndrome de dilatação-torção gástrica em cães

O síndrome de dilatação-torção gástrica é uma urgência veterinária, extremamente grave, que põe em risco a vida do animal e que deve ser imediatamente assistida por um médico veterinário, assim que for detectada pelo dono. O animal pode morrer ao fim de poucas horas devido à dilatação-torsão gástrica; cerca de 25-30% dos pacientes acabam por morrer, mesmo com tratamento adequado.

Este síndrome caracteriza-se por uma primeira parte de dilatação e uma segunda parte de torção do estômago. Na dilatação, o estômago enche-se de ar e começa a fazer pressão noutros orgãos da cavidade abdominal e no diafragma, fazendo com que o animal vá tendo, progressivamente, maior dificuldade a respirar. Estando dilatado, o estômago pode facilmente girar em torno do seu próprio eixo (torção), conduzindo, progressivamente, a uma diminuição no seu aporte sanguíneo. O tecido gástrico começa a morrer (necrose) e os outros orgãos vitais começam a falhar - nesta fase o estado do animal deteora-se muito rapidamente.






O estômago dilata e acaba por torcer

Nem todos o cães que sofrem dilatação gástrica desenvolvem torção. Contudo, todos o que fazem torção gástrica tiveram anteriormente dilatação.

Existe, nitidamente, uma predisposição genética neste síndrome - as raças grandes e gigantes são as mais afectadas por esta doença. Dentro destas raças, os animais de peito mais profundo e estreito são mais predispostos. Pode ocorrer em qualquer idade, contudo é mais frequente em animais acima dos 7 anos de idade. Os cães que comem uma única vez ao dia têm o dobro da probabilidade de desenvolver dilatação-torção gástrica do que os cães que fazem várias refeições diárias.

Os sintomas mais frequentes são:

  • dilatação e dor abdominal;
  • tentativa de vómito;
  • dificuldade respiratória;
  • estado de choque, nos casos mais graves.

O tratamento da dilatação-torção gástrica passa pela estabilização do estado clínico do animal e posterior cirurgia. A cirurgia consiste na verificação do estado do estômago e dos outros orgãos abdominais, nomeadamente o baço, que também pode estar torcido nestas situações, na reposição do estômago à sua posição normal e na sutura do estômago à parede abdominal (gastropéxia) para evitar futuras recidivas. O pós-operatório exige uma monitorização constante do paciente para detectar possíveis complicações, nomeadamente, arritmias, ulcerações gástricas e lesões a nível de outros orgãos vitais.

A prevenção da dilatação-torção gástrica passa por:

  • alimentar o animal várias vezes ao dia;
  • controlar a ingestão de água após a refeição se o animal for muito sôfrego a beber;
  • evitar o exercício físico intenso ou situações de stress antes e após a refeição;
  • estar atento aos sinais clínicos do animal após as refeições, principalmente se o animal for de uma raça predisposta.

O síndrome de dilatação-torção gástrica é uma condição muito grave, que deve ser detectada precocemente pelo dono do cão. Aconselhe-se com o seu veterinário acerca desta patologia.
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