Para a maior parte de nós, o chocolate é um verdadeiro pecado que proporciona as delícias de todos e cujo único defeito é poder colocar uns quilitos a mais na nossa balança. Para os cães, o chocolate é igualmente delicioso mas potencialmente letal. O cacau, principal matéria-prima do chocolate, contém um estimulante natural denominado teobromina. Nos cães, a teobromina é especialmente tóxica afectando o sistema nervoso central (SNC), o aparelho gastro-intestinal e o sistema cardiovascular.
Durante as épocas festivas temos frequentemente chocolate em casa, daí a intoxicação nos cães ser mais frequente nestas alturas do ano. Se o cão consumir teobromina em quantidade significativa, poderá começar a exibir os sinais de intoxicação. A dose tóxica de teobromina para os cães e cerca de 100-200 mg/kg. Se pensarmos que uma tablete de chocolate de meio-amargo com cerca de 200g contém cerca de 1000mg de teobromina, podemos dizer que, num cão com cerca de 10 kg, ingerir uma tablete inteira é potencialmente letal. Abaixo estão indicadas as concentrações de teobromina para os diferentes tipos de chocolate:
- chocolate de leite: 154 mg teobromina/100g
- chocolate meio-amargo: 528 mg teobromina/100g
- chocolate amargo: 1365 mg teobromina/100g
Assim sendo, quanto maior o teor de cacau do chocolate, maior a sua toxicidade para o cão. Os cães de raças pequenas bem como os cachorros, correm maior risco de desenvolverem toxicidade devido ao seu baixo peso corporal.
Após a ingestão, o cão poderá exibir os seguintes sintomas:
- excitação;
- irritabilidade;
- taquicárdia (aumento do ritmo cardíaco);
- poliúria (aumento da micção);
- tremores musculares;
- vómitos;
- diarreia;
- crises convulsivas.
Todos estes sintomas podem progredir para insuficiência cardíaca, coma e mesmo morte, 12 a 36 horas após a ingestão do tóxico.
Se suspeita que o seu cão ingeriu chocolate, leve-o de imediato ao seu médico veterinário assistente. Quanto a tratamento, não existe um verdadeiro antídoto para este tipo de tóxico, que permanece no organismo do animal cerca de 18h e a terapia deve adequar-se ao tipo de sintomas exibidos pelo animal. Se a ingestão for recente é fundamental induzir o vómito e administrar carvão activado para ajudar a neutralizar o tóxico. O animal deve de imediato ser colocado a soro. Se o animal tiver convulsões, devem administrar-se anticonvulsivos por forma a pará-las o mais rapidamente possível. A monitorização cardíaca é fundamental nesta intoxicação.
O prognóstico depende da gravidade da sintomatologia. Se nas 24 a 48 horas seguintes, o animal não apresentar sinais de insuficiência cardíaca nem sinais neurológicos o prognóstico é bastante favorável.
Lembre-se de guardar os chocolates em local seguro, principalmente nos dias festivos em que a atenção prestada ao seu cão pode ser menor.